A Comunicação Interativa é ingrediente essencial da Inovação. Você Escuta ou Ouve?
Nos posts anteriores abordei 3 dos ingredientes intrínsecos (aqueles que dependem do nosso esforço, resiliência, dedicação e foco) da inovação: a curiosidade, a criatividade e o conhecimento.
Agora chegou a vez do 4º. Ingrediente que é a Comunicação.
A comunicação a qual me refiro é aquela que ocorre de forma interativa (quando todos os interlocutores falam e escutam), e não ativa (onde somente um é o protagonista).
Em outras palavras, por mais estranha que possa parecer esta afirmação, a maioria das pessoas pratica o ato de “escutar” sem “ouvir”.
Pare e pense um pouco nas pessoas com as quais você convive na família, na sociedade, no trabalho e nos estudos, de acordo com a sua realidade.
Quantas delas durante uma conversa prestam realmente atenção naquilo que você está falando, nas suas opiniões, pensamentos e ideias, ou seja, aquelas que ouvem e não somente escutam.
A grande maioria dos gestores que conheço usam o termo “equipe” para se referir às pessoas que compõem sua empresa tradicional ou Startup, mas na prática o nome mais apropriado seria uma “tropa”, onde o comandante dá as ordens e os “subordinados” limitam-se a obedecer.
Como se pode esperar que surjam ideias novas, criativas e inovadoras se o poder de decisão está concentrado no “comandante” e, às vezes, estendida alguns cérebros “brilhantes” por ele escolhidos para formar o “Conselho dos notáveis” a partir do qual são definidos os rumos dos negócios.
Tive a oportunidade de passar um tempo no Vale do Silício na Califórnia, Meca da Inovação mundial e percebi que um dos motivos do sucesso e protagonismo é justamente democratização da contribuição de ideias para a resolução de problemas, não havendo nenhum “pré-requisito” para que alguém possa contribuir, como posição hierárquica na empresa, função ou idade.
É uma cena corriqueira encontrarmos investidores bilionários em encontros em cafés com estagiários, pois eles têm a visão de que ele poderá ter uma ideia de projeto que poderá render alguns milhões de dólares numa nova Startup ou na implementação de uma inovação na sua empresa.
Não existe discriminação, as pessoas ouvem, não escutam, ao contrário do Brasil onde as pessoas durante uma reunião de trabalho ficam dividindo a atenção com o smartphone e quando paramos de falar para aguardar o “retorno” do distraído, ainda temos o desprazer de ouvir: “pode continuar falando que eu estou ouvindo” ☹.
A neurociência explica que é impossível prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo, mas sim alternar entre uma e outra, fato que resulta na perda de, no mínimo, 30% de produtividade, além de se constituir em uma grande falta de educação.
Se queremos inovar na nova vida pessoal, estudantil e profissional temos que, urgentemente, aprender a ouvir, e, preferencialmente, as opiniões de pessoas que divergem das nossas.
É da divergência de ideias e pensamentos que desenvolvemos a tolerância, a empatia e submetemos o cérebro ao desconforto causado pelo contraditório, promovendo a neuroplasticidade (capacidade de criar novas sinapses e neurônios resultando em melhora das funções cognitivas) e, evidentemente, a Inovação.
Então fica a sugestão: da próxima vez que conversar com alguém não fique impaciente, ouvindo e não escutando seu interlocutor, para que, assim que ele concluir a fala, você iniciar um “tiroteio” em direção ao mesmo, partindo do princípio que somente suas ideias são relevantes.
E quando estiver em uma reunião coloque o celular no modo silencioso (e não no vibratório) e foque a atenção na reunião, mostre que um profissional de alto gabarito.
Agindo desta forma, respeitando e valorizando a opinião das pessoas – lembre-se que as contrárias são as mais valiosas, pois te fazem pensar, refletir e, em muitas vezes, te trazer de volta à realidade e fazer com que você desista de um negócio ou estratégia antes de ter um grande prejuízo – não importando a sua origem, é o caminho para desenvolver a melhor comunicação, a interativa, e inovar.
Chegamos ao fim deste 5º. artigo e eu espero que o conteúdo tenha sido útil e valioso para ser aplicado de forma rápida e objetiva no seu dia a dia pessoal e profissional. Muito obrigado pela sua atenção e tempo.
Em breve lançaremos pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional – SECTI, o curso online Empreendedorismo Científico Inovador. Nele ensinaremos como transformar um projeto estudantil, do ensino médio, técnico e superior em um negócio lucrativo e inovador.
Ele também será lançado na versão para professores, pois estes são aqueles escultores dos cérebros dos alunos e precisam conhecer a forma de aplicação dos instrumentos empreendedores como parte integrante de suas disciplinas.
Nós veremos lá.
Saudações criativas e inovadoras!
Marcelo Vivacqua
Gerente de Ciência, Tecnologia e Inovação da SECTI-ES