Oratória: a arte de se comunicar bem.
Você olha a história e vai de Moisés guiando o povo judeu a sair do Egito ao domínio helenístico por Alexandre, “o grande”, passa pelo renascimento com Maquiavel, e logo depois faz uma visita a revolução francesa com Robespierre. Caminha mais um pouco e se depara com os discursos de Hitler ao terceiro reich, e no ultimo relance está diante de Martin Luther King Jr. discursando ao povo americano em busca da igualdade racial.
Nesse exato momento, usando um pouco de lógica e conhecimento acumulado, você facilmente já percebeu que grandes mudança são provocadas por grandes líderes, que por sua vez, são grandes comunicadores, ou seja, dominam a arte da oratória.
Mas qual o código base por trás dos discursos que faziam esses grandes líderes?
Seria possível usar essas técnicas em sua jornada empresarial?
Primeiramente gostaria de elucidar a diferença entre oratória e retórica. Apesar de muitas vezes serem usadas como palavras sinônimas, elas possuem uma sutil diferença, e essa diferença consiste na intenção do orador. Se o orador possui apenas a intenção de comunicar algo que comova o público e o leve a refletir por si mesmo e de forma imparcial, dizemos que o orador se valeu da arte da oratória, porém se o mesmo, durante o discurso, tentar persuadir ou dissuadir o público, dizemos que ele aplicou a arte da retórica.
Mas espera aí, Thiago! Se todos os exemplos que você citou acima são de casos que envolve persuasão, por que o título é sobre oratória e não retórica?
Bom, simplesmente para o marketing do texto. Uma das técnicas que há em oratória é o peso psicológico das palavras. E como oratória é uma palavra de mais claro entendimento para o público em geral, ele soa mais familiar que retórica.
Pode deixar que agora eu paro de te enrolar e respondo as duas perguntas que foram propostas acima.
De forma direta, a resposta reside em 4 palavra: Ethos, Pathos, Logos e Persgeist.
As três primeiras são fundamentos interpretativo aristotélicos e a última se trata de um apêndice dedutivo de minha interpretação.
Vem comigo, com uma definição por vez, que vai ficar tranquilo de entender tecnicamente aquilo que, certamente, você sabe de forma empírica.
Ethos: etimologicamente relacionada a ética, essa técnica consiste na habilidade do orador em transmitir segurança e autoridade ao público através de duas formas. Primeira; o orador se vale da gesticulação firme e expressões faciais que exibem os sentimentos que ele tem em relação ao tema que discursa, podendo essas expressões de sentimentos serem legítimas ou teatrais. Segunda: o orador se vale em deixar que o público saiba do seu histórico, feitos, conquistas, títulos ou posses. Ressalto aqui que para uma perenidade do Ethos, o orador deve exercer as duas vertentes, caso contrário, mais cedo ou mais tarde, haverá os seguintes comentários por parte do público; “é, se impõem muito bem, porém não há resultado próprio”. Ou ainda; “é, tem tanta bagagem e resultado, porém não consegue expressar de forma clara”.
Pathos: etimologicamente relacionada a empatia, essa técnica consiste na habilidade do orador em se conectar com o público e transmitir os sentimentos que ele deseja que o público sinta. Como está diretamente ligada as emoções, o Pathos é a estrutura menos racional entre as quatro. Logo também é considerada a mais complexa, mais difícil de ser alcançada e menos ensinável. Desenvolver a habilidade do Pathos é praticar a arte de sentir o sentimento do outro.
Logos: etimologicamente relacionada a lógica, essa técnica consiste na habilidade do orador em criar uma estrutura coerente para o tema discursado. É a habilidade de conectar ideias em sequência lógica e escolher palavras com peso psicológico que irão justificar racionalmente os sentimentos evocados através do Pathos. No Logos que é explorado o uso das figuras de linguagem, sobretudo, analogias, entimemas, metáforas e comparações.
Persgeist: não há uma referência etimológica clara, mas se trata de um neologismo que criei a partir de duas palavras alemãs, person = indivíduo + zeitgeist = espírito da época. Ou seja, é a habilidade de interpretar a disposição de espírito do indivíduo, consiste em interpretar suas fortalezas e fraquezas, em saber quais gestos e expressões utilizar no Ethos, em quais palavras e lógicas escolher no Logos, afim de despertar uma emoção desejada no Pathos. É a capacidade de análise sensível da tríade aristotélica Ethos, Pathos e Logos.
Com essas quatro análises podemos concluir que para dominar a arte da boa comunicação precisa-se construir uma autoridade pessoal em relação a um tema desejado, saber despertar os sentimentos do público durante a fala ao mesmo tempo que se estrutura a ordem e os exemplos de forma lógica e organizada, tudo isso sem deixar de lado a capacidade de entender profundamente a psique do interlocutor e captar suas reações em tempo real para ajustar o ritmo da interpretação racional e dos sentimentos obtidos.
Agora que você tem de forma consciente técnicas de comunicação que tangem a oratória e retórica, é hora de pensar em como usar Teoria Dos Jogos em negociações empresariais e em apresentações.
Mas vamos deixar essa parte para uma próxima oportunidade.
Foi um prazer compartilhar um pouco de conteúdo com você aqui no Blog Camaleão =)
Até a próxima!
Thiago Lima