Você já ouviu falar dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)? – Parte 2 (prática)

Você leu no primeiro post da nossa série que os ODS são um projeto de sociedade, ao mesmo tempo em que são oportunidades de negócio e uma chamada para a ação. 

Com o objetivo de sermos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e poupar gerações futuras dos efeitos adversos das mudanças climáticas, foram criados os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030. Esse post apresenta, na prática, como implementar os ODS em nossas rotinas, enquanto pessoas ou organizações. Caso você não saiba, fizemos uma série com 2 posts sobre os ODS, em que a ideia é que conheça:

  • Post #1: os ODS na teoria
    • o que são e seu histórico; 
    • a Agenda 2030 e os 5P’s da Sustentabilidade.
  • Post #2: os ODS na prática;
    • esforços de implementação da agenda, por setor; 
    • os ODS no território de Vitória e; 
    • como se envolver.

OS ODS NA PRÁTICA

Como conseguir promover a redução das desigualdades em um cenário tão adverso e complexo como o Brasil? Existem organizações que vêm promovendo ações específicas para auxiliar determinados setores a incluírem os ODS em suas iniciativas. O trabalho de disseminar informações sobre a Agenda 2030 e a aplicação dos ODS no dia a dia é algo constante e que abrange públicos diferentes: setor público, empresas, academia, organizações da sociedade civil e pessoas.

O que os governos podem fazer para cumprir os ODS?

Segundo o documento Roadmap for localizing the SDGs: implementation and monitoring at subnational level (em inglês), do PNUD, apresenta que “o alcance dos ODS depende, necessariamente, da habilidade dos governos regionais e locais de promover um desenvolvimento integrado, inclusivo e sustentável. Muitos dos investimentos para alcançar os ODS vão se materializar em nível subnacional e será liderado por autoridades locais” (em tradução livre). As estruturas legais e políticas de nível nacional ainda precisam de um longo caminho pela frente para reconhecer esse papel, o que mostra que ainda é necessário um trabalho bem feito de advocacy e capacitação nesse sentido. 

Como o setor público pode se organizar em prol da Agenda 2030? Algumas boas orientações estão nos seguintes documentos: Articulando os Programas de Governos com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e Roadmap for localizing the SDGs: implementation and monitoring at subnational level (em inglês)

 

O que as empresas podem fazer para cumprir os ODS?

A sustentabilidade corporativa é um motor importante para os ODS na medida em que permite que as empresas demonstrem como seus negócios ajudam no avanço do desenvolvimento sustentável, seja minimizando os impactos negativos, quanto maximizando os impactos positivos nas pessoas e no planeta. Cobrindo uma ampla gama dos tópicos de desenvolvimento sustentável relevantes para as empresas, os ODS podem ajudar na conexão de estratégias de negócios com prioridades globais. Segundo informações do Guia dos ODS para as empresas, o setor privado pode utilizar os ODS como um quadro global para moldar, conduzir, comunicar e relatar as suas estratégias, objetivos e atividades, permitindo que tenham benefícios, como:

  • identificação de oportunidades de negócios futuras;
  • valorização da sustentabilidade corporativa; 
  • networking e manutenção do ritmo com os desenvolvimentos da política;
  • governança e transparência na comunicação;
  • investir em um ambiente propício aos negócios e; 
  • utilização de uma linguagem comum e uma finalidade compartilhada.

Você enxerga os ODS como oportunidades de negócio? Para saber mais sobre os benefícios da sustentabilidade corporativa e dos ODS, comece pelo Guia e acesse o site do Pacto Global, Rede Brasil.

 

O que a academia pode fazer para cumprir os ODS?

A educação, a pesquisa, a inovação e a liderança serão essenciais para ajudar a sociedade a enfrentar os desafios endereçados pelos ODS. Segundo o Guia “Como começar com os ODS nas universidades“, é provável que nenhum dos ODS possam ser cumpridos sem o engajamento do setor acadêmico. Comprometer-se com os ODS também beneficia em grande parte as universidades, pois ajuda a demonstrar sua capacidade de impacto, atrai o interesse de formação, cria novas alianças, permite acessar novas fontes de financiamento e posiciona a universidade enquanto instituição comprometida. 

A educação e a pesquisa se espelham explicitamente em vários dos ODS. No entanto, a contribuição das universidades com os ODS é muito mais ampla e algumas destas áreas principais são:

  • Aprendizado e ensino: formação dos estudantes e mobilização da juventude;
  • Pesquisa: conhecimento e mapeamento necessários, com abordagem científica e qualificando o debate a partir de informação;
  • Governança, políticas de gestão e extensão universitária: incorporar os princípios organizacionais dos ODS na gestão das universidades, em diferentes aspectos;
  • Liderança social: fortalecimento do compromisso público da Universidade e sua participação, diálogo e ação intersetorial, inclusive no desenho de políticas.

O que a sociedade civil organizada pode fazer para cumprir os ODS?

É preciso investir na implementação a nível local desta agenda, no desenvolvimento de políticas públicas nos territórios onde a vida dos cidadãos e a transformação efetivamente acontecem. Alguns exemplos de espaços que vem sendo formados em prol dos ODS são a Frente Parlamentar Mista de Apoio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, na Câmara; as eleições municipais e pressão dos eleitores; o Movimento Nacional ODS, que abriga uma estrutura organizacional por meio de Movimentos Estaduais e Comitês Municipais; a Estratégia ODS, uma coalizão de organizações para qualificar o debate; dentre muitas outras iniciativas pontuais ou localizadas.

“A sociedade civil brasileira tem, em sua ampla diversidade e mais do que nunca, papel fundamental – não apenas por meio do controle social, mas enquanto produtor de soluções, informações e dados – na tentativa de recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento sustentável, sem deixar ninguém para trás.” – Estratégia ODS Brasil

O que você pode fazer para cumprir os ODS?

Além de sua participação nos diversos espaços citados acima: seja na academia, no empreendedorismo, na empresa em que trabalha ou no setor público, você também pode ser um promotor dos ODS ou implementá-los na sua rotina. 

Como cidadãos, além do poder do voto e nosso potencial mobilizador, também exercemos o papel importante de consumidores. Ressalto que não se trata de responsabilizar apenas o consumidor pelo consumo e desenvolvimento sustentáveis. As indústrias e produtoras de bens e serviços também devem agir de modo a alcançar os ODS, como pontuado anteriormente. No entanto, entender-se enquanto parte final de uma cadeia de produção de bens de consumo é primordial para compreender sua responsabilidade no sistema e fazer escolhas mais conscientes no dia a dia e na educação de nossas crianças e jovens.

E aqui em Vitória? Existem boas iniciativas relacionadas aos ODS?

Vitória tem se mostrado, cada vez mais, uma cidade viva e responsiva, que tem buscado soluções inteligentes e colaborativas relacionadas aos ODS, em todos os seus setores. No âmbito do setor público, uma boa prática é o Observatório VIX, resultado de governança municipal e compromisso político com a implementação mas, principalmente, com o monitoramento das metas de cada um dos ODS no território da cidade. A partir do acompanhamento de indicadores e informações públicas, o portal está disponível para a população e organizações, sendo um exemplo de democratização da informação.

No cenário empresarial, um bom exemplo é o próprio Núcleo Camaleão, que funciona como um impulsionador de negócios sustentáveis, tendo posicionamento, comunicação e atividades voltadas ao desenvolvimento sustentável, entendendo-o enquanto oportunidades de negócio. Na academia, além de muitas faculdades privadas comprometidas com os ODS, a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), localizada em Vitória, abraçou a causa e tem, a cada ano, incorporado institucionalmente os ODS em seus projetos de extensão, pesquisa e docência, além do trabalho de comunicação e disseminação da Agenda 2030.

Por último e não menos importante, temos vários exemplos da organização da sociedade civil em nosso território. Um deles é o caso do Comitê Municipal Vitória para os ODS, em que pessoas e organizações são convidadas a ser signatárias do movimento. A ideia é que o Comitê facilite a conscientização e incorporação dos ODS na prática de organizações, empresas e pessoas. Estamos precisando de mais gente comprometida com os ODS para ampliar nossa ações. Fale com a gente caso queira saber mais ou participar conosco!

 

 O que acha de se tornar signatário voluntário agora mesmo? Faça parte!

 

Ainda em dúvida sobre sua participação

Quer entender mais sobre a Agenda 2030? 

Acesse mais estudos e documentos aqui.

 

 

Marina Damasceno Pereira

Bióloga pela UFMG e educadora, hoje trabalha na Oppen Social e atua como voluntária na Coordenação de Mobilização do Comitê Vitória ODS.

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