João e as estatísticas do Sebrae

O cidadão comum João é funcionário em empresas por alguns anos quando decide empreender. Estuda algumas opções dentro do que gosta, enxerga uma oportunidade, faz algumas contas e abre seu próprio negócio. Poderia ser Pedro, Maria, Beatriz.

João começa pequeno, como a maioria, sem muitos recursos, e vai se adequando. Então, ainda na fase inicial, ele mesmo põe a mão na massa. É criativo, cuida dos clientes e se desenvolve bastante tecnicamente. Torna-se um excelente vendedor e seu produto é muito bom. O negócio prospera.

Suas vendas começam a crescer e ele se depara com a incerteza. Não sabe se contrata alguém para a operação, que antes ele fazia sozinho, ou uma secretária para apoiar na agenda com os clientes; se investe num CRM ou num vendedor. Fica na dúvida entre uma pessoa para o financeiro ou um software para controlar os pedidos e a produção. João vai tomando várias decisões isoladas na tentativa de comportar o crescimento, só que agora se sente perdido.

Seus clientes aumentaram muito e as reclamações também. João aumentou a equipe de vendas, mas está com problemas. Ele precisa dar suporte aos vendedores, e não tem tempo. O mercado mudou desde que iniciou o negócio. João precisa pensar diferente. Começa a participar de eventos e compra cursos pelo Instagram. Mas são muitas as ferramentas, teorias e possibilidades e não sabe o que aplicar na própria empresa.

João possui uma planilha para calcular preços, e tem noção do que vai entrar no caixa no próximo mês e também do que vai gastar. Mas não sabe ao certo como vai fechar o trimestre, muito menos o ano. Gostaria de fazer alguns investimentos maiores, mas não tem tempo e não tem quem faça as contas pra ele analisar se vale a pena.

Então, o excelente João, que tem atitude empreendedora, muito conhecimento técnico, vende como ninguém, se depara com questões administrativas e gerenciais e não consegue mais conduzir o negócio só “fazendo”.

São as dores do crescimento, igual a adolescente. João precisa mudar sua postura para que sua empresa deixe de ser criança e siga seu caminho rumo à maturidade. É nesse ponto que muitas empresas começam a desaparecer.

O que João faz, então, para fugir das assustadoras estatísticas do SEBRAE em que 60% das empresas quebram em menos de 5 anos?

João agrega GESTÃO à rotina de sua empresa e segue crescendo. João se preocupa agora em coordenar pessoas, processos, ativos e estratégias num alinhamento comum em direção a um objetivo. João passa a coordenar os esforços para atingir metas.

João entende que as COMPETÊNCIAS necessárias à condução da empresa MUDAM RADICALMENTE em cada etapa do ciclo de vida organizacional e se prepara para incorporar novas competências ao negócio na escalada do crescimento.

O primeiro estágio de uma empresa é de muita criatividade e energia, quando vem a crise da NECESSIDADE DE LIDERANÇA.

Já não basta fazer é necessário dar a direção.

No segundo estágio é necessário deixar de fazer para dar a direção clara, quando vem a crise da NECESSIDADE DE DELEGAR COM CONTROLE.

Já não basta dar a direção, processos são necessários.

No terceiro estágio são necessários sistemas internos, processos claros, quando vem a crise da NECESSIDADE DE LIDAR COM O EXCESSO DE BUROCRACIA.

Já não basta ter processos, é necessário desenvolver a autonomia e a auto responsabilidade.

O quarto estágio se resolve com o desenvolvimento da equipe, colaboração, auto responsabilidade. Quando vem a crise da NECESSIDADE DE REVITALIZAÇÃO.

Já não basta maturidade, é preciso ser atual e estar preparado para o dinamismo que a vida corporativa requer.

João incorpora, então, o pensamento estratégico e passa a criar, implementar e avaliar continuamente decisões que orientam e permitem sua organização atingir seus objetivos.

João aplica a ambidestria empresarial, equilibrando os esforços para garantir o presente e o alcance de metas de eficiência operacional, com metas de inovação, para construção do futuro.

E João não para, segue estudando, fazendo conexões com pessoas experientes, se relacionando com pessoas diferentes, compartilhando sua história. E segue. E segue. E segue…

Nada simples, né? O desenvolvimento empresarial é bastante desafiador. Requer dedicação, disciplina e integridade.

O que João fez de diferente dos empresários que se perderam no meio do caminho?

João entendeu cedo que empreender é muito mais do que vender e fazer bem feito.

João tem dois amigos, muito trabalhadores e muito dedicados, que não levantaram a cabeça para enxergar o horizonte, o mercado, os seus números, as pessoas ao seu redor. Não foram capazes de agregar gestão aos seus negócios. Um deles mantem a empresa ativa, mas com muito sofrimento, tem um dia a dia desgastante; o outro quebrou.

 

João ou amigo do João? Que empresário você deseja ser?

 

Fernanda Ventura

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