Negócios de Impacto socioambiental e Enimpacto, o que é isso?
O termo Negócios de Impacto Socioambientais – NISA ainda gera muita dúvida nas pessoas e podemos encontrar muitos negócios que não sabem que o são ou não conseguem se enxergar como tal. Os NISA são aqueles negócios que oferecem soluções para os problemas sociais e ambientais e produzem resultados financeiros positivos de forma sustentável, ou seja, aqueles negócios que nascem com o propósito de trazer benefícios para a sociedade e/ou o meio ambiente, mas também geram lucros com isso.
São conhecidos como setor 2.5 que é uma mescla entre o segundo setor, das empresas com apenas finalidade lucrativa, e o terceiro setor, das organizações sem fins lucrativos.
Um bom exemplo de negócio de impacto é a Tony’s Chocolonely: A empresa que nasceu para acabar com a escravidão na indústria do chocolate situada na Holanda. País esse sem tradição de chocolate, começou com o jornalista Teun van de Keuken envolvido numa matéria realizada na TV holandesa em 2003 sobre a escravidão na indústria moderna e o trabalho infantil na indústria do cacau na África. Para chamar a atenção à causa, Teun decidiu produzir 5 mil barras de chocolate envelopadas em uma embalagem alarmante, com os dizeres “100% livre de escravidão” e um carimbo de Fairtrade (comércio justo). As vendas decolaram e chegaram a 13 mil unidades. Atualmente, a Tony’s Chocolonely tem 150 funcionários, é líder de mercado na Holanda, é Great Place to Work, está presente em mais de 20 países e, principalmente, está mudando a vida de milhares de produtores de cacau e pressionando uma indústria a mudar. A matéria completa você encontra em https://www.aeconomiab.com/tonys-chocolonely-escravidao-na-industria-do-chocolate/.
E o que tudo isso tem a ver com o Enimpacto? E o que é isso?
Tudo começou quando o Reino Unido, na década de 2000, convocou o mercado financeiro para financiar novos modelos de negócios com o objetivo de resolver problemas sociais e ao mesmo tempo em que proveria resultado financeiro positivo e de forma sustentável.
A partir de 2010 os países que faziam parte do G7 criaram uma Força Tarefa de Investimento de Impacto, sendo sucedida no ano de 2014 por um movimento denominado Global Steering Group (GSG), cujo objetivo era ter um papel de coordenação global do campo de investimento de impacto, quando o Brasil foi convidado a fazer parte.
No Brasil foi criada a Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais (FTFS) com a missão de mapear, conectar e apoiar atores e agendas estratégicas para destravar fontes de investimento, apoiar empreendedores de Negócios de Impacto e fortalecer organizações intermediárias do ecossistema.
A partir desta proposta foi elaborada a Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO) coordenada pela Secretaria de Inovação e Novos Negócios do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (SIN/MDIC) em articulação com os setores competentes do governo, do setor privado, da comunidade científica e acadêmica e da sociedade civil.
A Estratégia visa inserir o tema de investimentos e negócios de impacto nas políticas públicas do Governo Federal alinhado aos Governos Estaduais e Municipais e aproveitar grandes oportunidades para promover o desenvolvimento econômico, resolução de complexos problemas socioambientais, além de melhores serviços públicos para a população.
Outra questão que está sendo proposta como tema das políticas públicas é a multiplicação de empreendimentos com ou sem fins lucrativos, capazes de operar financeiramente e ao mesmo tempo responder aos desafios impostos pelos problemas. Trata-se de uma agenda ampla, que demanda a articulação de diferentes atores e envolve grandes desafios.
Para que seu objetivo seja alcançado, a Estratégia trabalha concomitantemente com quatro Eixos e suas ações, com entendimentos e efeitos complementares e que precisam ser impulsionados conjuntamente para avançar e fortalecer o campo de forma estruturada, são eles: Ampliação da Oferta de Capital; Aumento do Número de Negócios de Impacto; Fortalecimento de Organizações Intermediárias; e a Promoção de um Macro Ambiente Favorável aos Investimentos e Negócios de Impacto.
Célia Perin