Como a Psicologia Positiva pode ser aplicada nas Organizações?
A Psicologia positiva é o estudo da felicidade. A sua abordagem científica estuda pensamentos, sentimentos e comportamentos humanos com foco em pontos fortes em vez de fraquezas, construindo o bem na vida em vez de apenas consertar o mal.
E diante das inúmeras mudanças e as constantes transformações no cenário organizacional, bem como a necessidade de conviver em um cenário com gerações com comportamentos diferentes, a Psicologia Positiva pode ser um caminho interessante, se aplicada ao bem-estar organizacional, para trabalhar as relações interpessoais na sociedade e no trabalho.
Esta nova versão da psicologia, bem diferente da tradicional, traz o foco essencialmente nas qualidades do ser humano, nas forças e comportamentos pessoais, ajudando a descobrir caminhos mais fáceis e menos complexos para uma boa realização profissional. Ela entende que pessoas mais felizes, produzem mais, tem mais prazer no exercício laboral e consigo mesma.
O movimento das emoções felizes ficou melhor conhecido com a pesquisadora Barbara Fredrickson (professora norte-americana no departamento de psicologia da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, onde é professora de psicologia do Kenan), que concluiu em seu trabalho que a felicidade possui dimensão bem maior do que somente promover o bem-estar. Apresentou que a alegria, a esperança, o otimismo, a empatia e a tolerância, usadas no sentido de emoções positivas fazem empoderar os recursos intelectuais, físicos, criativos e sociais, permitindo mais facilmente enfrentar mudanças boas ou ruins nas vidas das pessoas, melhorando o bem-estar organizacional, por gerar o equilíbrio entre os estados psíquicos, físicos, social e biológicos que fazem os trabalhos serem muito melhor desenvolvidos.
A qualidade de vida é um aspecto cada vez mais valorizado no trabalho. Os CEOs e profissionais de RH já entenderam que, com um bom ambiente laboral, é possível ampliar a produtividade e o potencial competitivo da empresa. A psicologia organizacional exerce um papel importante nesse sentido, contribuindo para o bem-estar dos funcionários.
Dentro desse quadro, os conhecimentos de psicologia positiva são empregados na tentativa de compreender o comportamento individual dos funcionários e aplicar recursos que melhorem a qualidade de vida na empresa.
É possível potencializar emoções positivas influenciando o clima do meio em que se trabalha, isso é tão verdadeiro que hoje já se fala do salário emocional. Que nada mais é que oferecer aos colaboradores benefícios intangíveis ligados a fatores emocionais e motivacionais, investindo no desenvolvimento do indivíduo como um todo, não só como profissional, mas também quanto ser social.
Esse movimento da psicologia positiva entende que pessoas felizes produzem mais e se relacionam de forma mais saudável, pois mantêm a motivação sempre elevada e autoestima bem trabalhada.
Dentro desse contexto, é possível desenvolver um modelo mental mais positivo no ambiente de trabalho investindo em um ambiente laboral mais positivo, que compreende uma estrutura de cinco fatores:
– Bem-estar pessoal no trabalho,
– Relações interpessoais positivas no trabalho,
– Filosofia da vida laboral,
– Empoderamento no trabalho,
– Fortalezas pessoais no trabalho,
Que nada mais é que trabalhar o ser humano nas suas quatro dimensões: cognitiva; socioafetiva; comportamental e espiritual.
Pesquisas recentes apontam que a maior causa dos desligamentos dos profissionais nas empresas está relacionada ao ambiente e os relacionamentos. E boa parte das queixas vem da relação com os superiores.
Ambientes tóxicos são construídos principalmente pela liderança. Preocupados em mostrar resultados definidos pela estratégia operacional, criam um ambiente de insegurança e desrespeito com os colaboradores, que se manifesta no tom de voz inadequado, palavras duras e postura invasiva, como se os fins justificassem os meios. A equipe, eternamente assombrada pelo fantasma da demissão, se recolhe e evita se posicionar. O trabalho é visto como um fardo e o líder não como companheiro, mas um déspota. E, infelizmente, este modelo de gestão “quem pode mais, fala mais alto” costuma ser reproduzido em toda a cadeia hierárquica. E quem consegue ser produtivo em um ambiente assim?
O grande desafio das organizações agora é encontrar (ou formar) o líder que combine, na medida do possível, o melhor conjunto de qualidades, se sobressaindo a razão e equilibrando valores e inteligência emocional.
Mas se o indivíduo estiver emocionalmente saudável, cultivando pensamentos positivos e saber separar as emoções pessoais das profissionais, ele consegue sobreviver a um ambiente tóxico de forma mais positiva. Isso não quer dizer que não será afetado por ele, mas não se deixa abater.
E o autoconhecimento pode auxiliar nisso. Pessoas bem resolvidas, que conhece seus mecanismos e dominam suas emoções, conhecem seus limites e reconhecem seu potencial, dificilmente perdem o foco, são determinados e entendem perfeitamente a entrega que precisa ser feita em cada área de sua vida. E com certeza, suas entregas serão positivas.
Outro fator importante é que essas pessoas sabem exatamente seus limites e os respeitam, entendem perfeitamente que no mundo corporativo, não são suas vontades e desejos quanto indivíduo que estão em jogo, mas um objetivo coletivo e a de entrega de resultados. Isso faz com que eles encarem as atitudes negativas desse ambiente tóxico não como pessoal, mas circunstanciais.
Investir em um ambiente de trabalho melhora significativamente a performance das pessoas. Tanto isso é verdade que já se fala sobre salário emocional, que nada mais é do que um conjunto de fatores emocionais e motivacionais que estimulam o colaborador a realizar um bom trabalho e se manter na empresa. Nesse conceito, o colaborador deixa de ser visto apenas como um homem profissional e começa a ser analisado como um homem social que tem comportamento complexo e mutável. Onde seu desempenho não pode ser avaliado apenas pelos resultados finais apresentados, mas por todo o processo de produção, que inclui comportamento, relacionamento, disciplina e tantos outros fatores tão importantes que agregam ao resultado final deste indivíduo.
A minha dica é que, na hora de contratação de seus colaboradores, não fiquem preocupados apenas com suas habilidades técnicas, mas foque mais nas habilidades humanas, pois é mais fácil formar profissionais do que moldar caráter.
Como foi dito por Peter Schutz, empreendedor e palestrante que presidiu a Porsche por longos anos “Contrate caráter, treine habilidades”. Com essa filosofia, fez com que as vendas da companhia se expandissem extraordinariamente. Mais do que uma frase de efeito, esse é um princípio importante.
Neste contexto, podemos ver que a psicologia positiva se torna importante aliada aos Gestores para, através de pessoas positivas, criarem seu diferencial competitivo e reter seus talentos dentro das organizações, que resultará na melhora de sua produção e resultados.
Renata Vidon